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Pousada de Viseu: passado e presente

O antigo hospital de São Teotónio é hoje uma das mais belas pousadas de Portugal. Um local onde a amplitude dos quartos se alia à privacidade dos espaços. E onde a vinoterapia é rainha e senhora.

Com uma localização geográfica privilegiada a Pousada de Viseu encanta pela imponência e pelo silêncio. Apesar da imponência do edifício e da amplitude dos seus claustros (que podem receber até 400 pessoas) é incrível a sensação de aconchego que se obtém.

Outrora antigo hospital da Santa Casa da Misericórdia de Viseu o edifício foi construído no final do século XVIII. As terras foram doadas por Caetano Moreira Cardoso e pelos Marqueses de sub-Serra. Obra emblemática, teve a bênção do então bispo de Viseu, D. Francisco Moreira Pereira de Azevedo, que lançou a primeira pedra, em 1793, e o apoio de D. Maria I. Isto porque a rainha exigiu que todos os concelhos do distrito contribuíssem a favor da construção do hospital.

Construído num estilo neoclássico, a obra atribuída, numa fase inicial ao arquitecto Teodoro de Sousa Maldonado, foi no entanto concluída por Manuel Alves Macamboa e pelos mestres Jacinto de Matos (pedraria) e Manuel Ribeiro (madeira e ferragens). Com quatro pisos, o antigo hospital apresenta uma planta quadrilonga, com um claustro do tipo palaciano, onde se destacam os 26 arcos e as quatro portas.

O hospital esteve em funcionamento até 1997, tendo depois ficado ao abandono por dez longos anos. Situação que só foi revertida quando a unidade foi adquirida para fins hoteleiros.

A obra de recuperação esteve a cargo do arquitecto Gonçalo Sousa Bryne, que optou por manter a traça original. Das “poucas” alterações efectuadas a mais notória foi a cobrir o claustro Mestre Grão Vasco. Onde antes se situavam as águas furtadas é hoje o quarto piso.
Um pouco por toda a pousada se sente a história e a imponência dos edifícios de outrora. O portão de ferro que “abre” a unidade, por exemplo, data de 1842, altura em que o hospital, apesar de não estar inteiramente concluído, recebeu os primeiros doentes.

Ainda na fachada destaque para o frontispício e para um frontão triangular com um brasão de armas esculpido. Também notória (e dignas de uma visita) são as três estátuas femininas em acrotério, colocadas (em 1830) na entrada (mais precisamente no telhado) do edifício. Representando as virtudes teologais, são a Verdade ou Fé (à direita), a Caridade (ao centro) e a Esperança (à esquerda). A Fé segura uma cruz e um cálice, enquanto a caridade sustenta com o braço esquerdo uma criança enquanto soergue outra com o braço direito. Já a Esperança tem um braço levantado e o outro apoiado numa âncora. Com vista para o centro histórico de Viseu as estátuas quase que podem ser tocadas por quem tiver o privilégio se ficar alojado no último andar da pousada.

Serviços exclusivos

Com 84 quartos, dos quais 20 são suites, todos eles amplos, de grandes dimensões, não é por acaso que a Pousada de Viseu é considerada uma das maiores de Portugal. Mas não esta unidade não se distingue só pela dimensão. Foi também a primeira a oferecer um Spa com piscina interior, ginásio, sauna, jacuzzi, banho turco, duche tropical, fonte de gelo e todo um serviço de massagens e tratamentos de rosto e corpo.

A recente parceria com a empresa Dão Sul permitiu não só a abertura de uma Wine Bar onde os clientes da pousada podem comprar e experimentar as iguarias da região (vinhos incluídos, claro). Com uma decoração cuidada, onde se deu maior importância às formas desconjuntadas, procurando dar destaque ao vinho, o espaço convida ao relaxamento. À apreciação das coisas boas da vida. E a um maior conhecimento por parte das marcas da região. Lá pode encontrar marcas como a Quinta do Cabriz, Condessa de Santar, Paços dos Cunhas de Santa ou Quinta do Encontro (entre outras).

A loja, com acesso directo ao exterior, também se encontra ligada a um cigar lounge onde os apreciadores de charutos podem desfrutar dos mesmos e adquirir produtos da marca Oliva, vindos da Nicarágua.

A pousada, a poucos minutos a pé do centro histórico de Viseu, é um refúgio para quem aprecia o bem receber, aliado à intimidade e à privacidade. Apesar da sua dimensão e do número de quartos a disposição do edifício garante privacidade aos seus clientes. Mesmo o espaço mais amplo, o Claustro Mestre Grão Vasco, é rodeado por quatro corredores, que rodeiam o edifício, e que criam recantos onde uma pessoa pode descansar, ou simplesmente relaxar. Conversar com os amigos, desfrutar de uma bebida ou apreciar o espaço.

O restaurante Viriato, sobre as ordens do chef João Carlos Santos, que curiosamente nasceu no antigo hospital, oferece uma ementa gastronómica de base regional. Onde se pode encontrar os deliciosos pratos beirãos. Sempre acompanhados por bons vinhos.

Pernoitar na Pousada de Viseu e não fazer pelo menos uma das três massagens de vinoterapia é quase um pecado capital. Duas delas são exclusivas da unidade. Relaxe e deixe-se guiar pelas mãos das massagistas. Se não tem muito tempo disponível o melhor é fazer só uma massagens ao pescoço e cabeça. São cerca de 30 minutos de puro prazer. Que começa com uma esfoliação e lavagem aos pés. Mas não é uma esfoliação normal. Esta é feita com vinho Quinta do Cabriz. Nada menos. Segue-se a massagem propriamente dita. Que termina no lounge de relaxamento, a desfrutar de um belo e delicioso chá.

A localização da pousada é excelente para quem quer visitar o centro histórico de Viseu. Basta descer a escadaria que se encontra na entrada da unidade. O acesso ao centro e à Catedral é quase imediato. E há muito para ver em Viseu. Desde Museu Grão Vasco (um dos principais museus de pintura renascentista de Portugal), ao Museu da Misericórdia (onde poderá encontrar peças provenientes do antigo hospital), o Museu Almeida Moeira e a Casa da Ribeira (centro de artesanato).

Artigo publicado no suplemento de viagens do Oje, a 1 de Novembro de 2013.

Alexandra Costa

Jornalista desde 1996. Adoro viajar, conhecer novas culturas, experimentar gastronomias. Sou viciada em livros e nunca digo que não a uma boa conversa e amo a minha Luna. Defendo que mais vale poucos (e muito bons) amigos do que milhentos conhecidos. E prefiro ver o “copo meio cheio” em detrimento do “copo meio vazio”.

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