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International Gourmet Festival: Cozinha sertaneja no Alentejo

A cozinha do chef brasileiro Rodrigo Oliveira perfumou a Herdade da Malhadinha Nova, em Beja.

O sol de novembro apelava ao ar livre. Ao convívio entre amigos. E foi assim que começou a segunda participação daHerdade da Malhadinha Nova no International Gourmet Festival. Desta vez a herdade (bem como toda sua equipa, incluindo o chef consultor Joachim Koerper), foi “casa” de Rodrigo Oliveira, 32 anos, proprietário e chefe dorestaurante Mocotó, em São Paulo, Brasil. Com uma gastronomia sertaneja o chef encontrou ingredientes (e termos) semelhantes em Portugal. Tendo por base o porco preto (reinventado) foi elaborada uma ementa de seis pratos onde se tentou “casar” com os vinhos da Herdade da Malhadinha Nova.

Com um toque da Amazónia surgem ingredientes diferentes, algo desconhecidos para muitos dos clientes. É o caso da umburana (uma árvore do Ceará), que deu um sabor ligeiramente adocicado à manteiga do chef.

Para começar a refeição propriamente dita nada como um contraste de texturas e sabores. O “amuse bouche”, que consistiu num Caldinho, num Dandinho de tapioca e num Palmito pupunha. A acompanhar um Antão Vaz 2012. E foi com este prato que os convidados tiveram a sua primeira introdução a uma gastronomia sertaneja. Aqui a surpresa foi claramente o caldinho. Servido num pequeno copo tinha pequenos pedaços crocantes que desafiavam o palato de quem o provou. Boa combinação foi também aliar a textura e sabor do palmito com o molho meio picante. Uma pequena nota para o vinho. Por norma, o Antão Vaz é o complemento perfeito para entradas. Aqui requeria-se algo mais evoluído, dado que dois dos elementos eram fritos.

No meio de muita conversa e boa disposição a refeição continuou. Seguiu-se, oficialmente, primeiro prato. Pescado do dia, xerém de tapioca, molho de coco e dendê, acompanhados por um Malhadinha Branco 2012 Magnum. O peixe fresco é sempre uma boa escolha. E aqui a leveza e frescura foram o complemento perfeito para a doçura do caldo/molho.

Mas as verdadeiras surpresas vieram com os pratos de carne. Primeiro, uma carne levemente curada, com farofa de queijo-manteiga e tomate assado, acompanhadas por uma amostra de casco, lote especial Evento 2012. E repentinamente fez-se o silêncio. A carne, preparada ao pormenor, foi claramente a rainha da receita. Cozinhada q.b. desfazia-se na boca.

E quando tudo parecia que não poderia melhorar eis que surge o Porco braseado, favada pernambucana e vegetais da estação, servidos com um Malhadinha Tinto 2011 Double Magnum. A combinação perfeita e “o prato do dia!”. O prato com que todos mais se identificaram, dadas as semelhanças com a gastronomia portuguesa. E onde se notou um contraste perfeito entre a gordura da carne de porco preto, criado na herdade, o sabor intenso da favada e a complexidade do vinho. Tinto, claro está.

Com o embalar da refeição, em crescendo, chega a pré sobremesa. As honras couberam a um Chouriço de açai e castanha do Pará, que foi servido com um Pequeno João Tinto 2005 Double Magnum. Aqui, claramente o problema foi o de… saber a pouco. Nomeadamente o vinho.

Com o servir da sobremesa propriamente dita surge o Late Harvest Petit Manseng 2010, que serviu de complemento a um Sorbet de cajá, puré de manga e cumaru e crocante de coco. Uma combinação diferente dado que conjuga frio, doce, crocante, líquido… Com o café foi servida uma trufa baiana, feita com cacau orgânico, cupuaçu e cachaça.

Tudo o que é bom acaba cedo. Assim diz o ditado. Não foi bem o caso dado que o almoço, anunciado para às 13h00 terminou já depois das 17h00. Pelo meio houve tempo para por a conversa em dia, aprender novos ingredientes e provar outras iguarias. Rodrigo Oliveira, que já anteriormente tinha visitado Portugal, ficou agradavelmente satisfeito pela existência de tantas semelhanças entre as duas gastronomias.

Saiba mais sobre o International Gourmet Festival que se prolonga até dia 17 de novembro.

Artigo publicado no Escape a 16 de Novembro de 2013.

 

Alexandra Costa

Jornalista desde 1996. Adoro viajar, conhecer novas culturas, experimentar gastronomias. Sou viciada em livros e nunca digo que não a uma boa conversa e amo a minha Luna. Defendo que mais vale poucos (e muito bons) amigos do que milhentos conhecidos. E prefiro ver o “copo meio cheio” em detrimento do “copo meio vazio”.

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