Azamara: é preciso criar o mercado
Esta semana o Azamara Journey, navio da companhia Azamara Club Cruises, do grupo Royal Caribbean, esteve atracado no Terminal de Cruzeiros de Santa Apolónia em Lisboa. Uma oportunidade única para agentes de viagens e jornalista visitarem conhecerem este que é um navio diferente. Começa logo na dimensão, por norma com capacidade para 750 passageiros. Que lhe permite atracar em portos inacessíveis aos cruzeiros de grande porte. Só isto diferencia-o dos cruzeiros “de massa”.
Mas essa não é a única diferença. Como explicou Francisco Teixeira, director-geral da Melair, aqui privilegia-se o serviço personalizado, a qualidade e o luxo sem ser excessivo. “A Azamara direcciona-se a um cliente que gosta de circuitos com qualidade e conforto. Ou seja, pequenas estadias e com várias visitas durante a mesma viagem”, explicou Francisco Teixeira, que explicou que este é um segmento que ainda está “quase todo por explorar”. Mas é esse que a empresa pretende conquistar. Quem goste de visitar várias cidades mas mantendo a qualidade de um hotel de cinco estrelas.
Aqui o rácio é, normalmente, de um tripulante para dois passageiros. O que permite uma personalização do serviço levada quase ao extremo (e com tudo incluído no preço da viagem – inclusive um mordomo inglês nas suites e shuttle entre o porto e a cidade quando isso é necessário). Não é de admirar que a estadia ronde os 250 a 300 euros por passageiro por noite. Aliás, uma viagem de 15 dias pode facilmente ultrapassar a quantia dos seis mil euros.
Há clientes. Mas é necessário saber onde estão. Esse é o trabalho que ainda é necessário fazer. Não só mostrar o navio mas também explorar a vertente comercial junto das agências de viagens que têm, na sua base de clientes, o nosso público-alvo. Explicar que este é um produto diferente, que não se enquadra no tradicional cruzeiro.
O facto de a Azamara não ter itinerários fixos pode e deve ser encarado como uma vantagem competitiva. Como um factor diferenciador. E nota-se que já há clientes que seleccionam este tipo de companhias. Agora falta o mercado, que se está demasiado massificado, segmentar-se. Algo que deverá acontecer nos próximos cinco anos.
Mas qual o potencial do mercado nacional para o negócio da Azamara? Hoje o número de clientes portugueses a viajarem na companhia ronda os 40 a 50 por ano. E embora o número possa crescer nunca deverá, segundo Fernando Teixeira, ultrapassar os 100 a 150. Não só pelo valor inerente mas principalmente pelo tipo de produto que é. Trata-se de uma oferta mais restrita, com itinerários mais soltos.
“Não queremos vender a Azamara como um cruzeiro e sim como um destino”, afirmou o director-geral da Melair. Porque cruzeiro é aquele navio que leva um grande número de passageiros, que tem muitas piscinas e proporciona muita animação.
Artigo publicado no Opção Turismo, a 5 de Junho de 2014.