Segunda-feira, Outubro 7, 2024
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Um vinho chamado Siza

Rita Nabeiro, responsável pela Adega Mayor
Rita Nabeiro, responsável pela Adega Mayor

O famoso arquitecto é agora também o nome de um vinho. De edição limitada. A forma que a Adega Mayor encontrou para homenagear não só uma figura pública, que deu “forma” a Portugal e que desenhou aquela que é a primeira adega de autor em Portugal.

Uma monocasta, escolhida a dedo, com o melhor que a Adega Mayor produz. São 2.500 garrafas, com um PVP de 55 euros, de 100% Alicante Buschet. Um vinho tinto simultaneamente suave e complexo. Tal como a personalidade que homenageia. Com notas de café e chocolate preto é adequado para pratos de carne vermelha, de preferência bem condimentados. Também pode acompanhar doces conventuais ou queijo.

A apresentação decorreu na Fundação Serralves, no Porto. Uma forma de, como foi referido por Rita Nabeiro, responsável pela Adega Mayor, de levar Campo Maior ao Porto. Isto porque, ficou-se a saber, o arquitecto não é fã das viagens. As várias horas de caminho eram algo como um suplício e o transporte chegou a ser feito (bem… tentado) por avioneta.

Mais do que uma “simples” apresentação de um vinho esta foi uma forma de conhecer melhor duas personalidades que moldaram os destinos do nosso país. Seja porque desenharam edifícios emblemáticos ou porque tem uma empresa que emprega milhares, com um peso significativo nas exportações nacionais.

No decorrer da conversa descobriram-se históricas interessantes. Que a parceria entre a Delta/Adega Mayor e o arquitecto Siza Vieira começou… numa chávena de café. Só depois se avançou para a adega. Que, curiosamente, o primeiro esboço resultou de uma conversa com o comendador e foi feito num guardanapo. Sete anos depois de a adega ter sido inaugurada há já planos para a sua ampliação.

Comendador Rui Nabeiro e o arquitecto Siza Veira
Comendador Rui Nabeiro e o arquitecto Siza Veira

As histórias e estórias do Álvaro Siza e do Rui Nabeiro

O primeiro trabalho de Siza Vieira, que para os amigos é apenas o “Álvaro”, foi a cozinha da avó. Que ainda existe e está em funcionamento. Tinha então apenas 16 anos.

Na altura Portugal era diferente. No Norte, por exemplo, não havia a proximidade que existe entre Matosinhos, Gaia e Porto, como há nos dias de hoje. Na altura Matosinhos estava distante do Porto. À cidade ia-se por ocasiões especiais. Seja para jantar, ver um cinema ou uma peça de teatro.

Siza Viera relembra que a vida era, na altura, difícil. E que o pai se sentiu algo decepcionado quando decidiu enveredar pela arquitectura. Há 60 anos a profissão estava no início e não havia muitos arquitectos. Sendo que também não eram muito “considerados”. O trabalho era feito ou pelos engenheiros ou pelos mestres de obra. Logo, sendo o pai engenheiro… A rir Siza referiu que a desilusão só não foi maior porque a primeira opção (ou ideia) tinha a sido de ser escultor.

Nascido e criado num Alentejo rural Rui Nabeiro desde cedo entrou na “labuta”. O primeiro trabalho? Pregoeiro. A anunciar a proibição de as ovelhas estarem presentes numa feira, dado o surto de uma doença.

Com o tempo surgiu o negócio do café e mais recentemente o dos vinhos. Que faziam parte do sonho deste executivo. Campo Maior sempre teve a tradição da produção desta bebida, que se “perdeu” com a construção da barragem. Hoje o grupo Delta emprega milhares de funcionários, é o principal empregador de Campo Maior, terra onde o Comendador é simplesmente o “Senhor Rui”. A forma como prefere ser chamado.

Artigo publicado no Opção Turismo, a 15 de Maio de 2014.

Alexandra Costa

Jornalista desde 1996. Adoro viajar, conhecer novas culturas, experimentar gastronomias. Sou viciada em livros e nunca digo que não a uma boa conversa e amo a minha Luna. Defendo que mais vale poucos (e muito bons) amigos do que milhentos conhecidos. E prefiro ver o “copo meio cheio” em detrimento do “copo meio vazio”.

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