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VII Bienal de Turismo em Espaço Rural

IMG_9752Açores com novo plano de incentivos

DRTA-Ricardo-MedeirosA ilha de São Jorge, nos Açores, acolheu, nos dias 16 e 17 de Outubro, a sétima edição da Bienal de Turismo em Espaço Rural. No decorrer dos debates, Ricardo Medeiros, director Regional de Apoio ao Investimento e à Competitividade, apresentou o novo plano de incentivos, para o período 2014-2020. Sendo que, para o executivo, o tema do turismo em espaço rural está intimamente relacionado com o desenvolvimento económico dos Açores, ao mesmo tempo que promove a sustentabilidade assim como a inclusão e coesão social. E revelou que existem 1136 camas em todo o arquipélago (com excepção a ilha do Corvo).

As novas linhas do plano de incentivos vão ser especialmente favoráveis para o turismo, nomeadamente o em espaço rural. Pelo menos é essa a convicção de Ricardo Medeiros. O programa Competir + está disponível para projectos com investimento igual ou superior a 15 mil euros. Valor que pode ser utilizado: na instalação de turismo em espaço rural e turismo de habitação desde que estes sejam reconhecidos como projetos que contribuam para a diferenciação da oferta; na instalação e beneficiação de empreendimentos turísticos que possuam instalações termais; na instalação e ampliação de outros empreendimentos turísticos desde que reconhecidos como projetos inovadores, diversificadores ou qualificadores da oferta turística em termos de instalações e serviços; ou na instalação, ampliação ou beneficiação de estabelecimentos de restauração e similares com interesse reconhecido pela Direcção Regional de Turismo (DRT).

Essas são as condições para os investimentos mais avultados. Mas também há incentivos para “obras” menos complexas. É o caso da remodelação e beneficiação dos empreendimentos turísticos existentes, valorizando aspectos e características que confiram uma identidade própria; campos de golfe e parques temáticos; e atividades de animação turística (incluídas no DL 108/2009, de 15/05), desde as duas últimas sejam de interesse reconhecido pela DRT. Investimentos simples (5.000 euros) também podem ser apoiados. Basta que o numerário seja aplicado em eventos de animação e promoção turística, com interesse reconhecido, sendo que estes terão de ser apoiados por um plano de ação fundamentado.

No entanto, só o investimento, por mais elevado que seja, não chega. O director Regional de Apoio ao Investimento e à Competitividade relembrou que, no caso do turismo em espaço rural é essencial envolver a comunidade. De forma a, por um lado, proporcionar experiências únicas aos turistas, e, por outro, permitir o desenvolvimento da economia local, ao mesmo tempo que potencia a produção artesanal e se evita o desaparecimento de algumas artes.

Alexandra Costa – 21Outubro2014@Opção Turismo

Artigo publicado, a 21 de Outubro de 2014, no Opção Turismo

O turismo em espaço rural é essencial para o desenvolvimento dos Açores

acores-vitor-fragaA afirmação foi dada pelo Secretário Regional do Turismo e Transportes dos Açores, Vítor Fraga, aquando do encerramento da VII Bienal de Turismo em Espaço Rural, que decorreu nos passados dias 17 e 18 de Outubro, na ilha de São Jorge.

Em causa está o facto de este segmento envolver toda a comunidade. Só assim continuará a despertar o interesse dos turistas. Estes procuram autenticidade, calor humano e experiências diferentes.

Mas para que o turismo em espaço rural continue a crescer (neste momento representa 10% das camas nos Açores) tem, segundo Vítor Fraga, de haver uma maior aposta na qualificação. Mesmo porque há benefícios indirectos inerentes. É o caso do potenciar da promoção e aumenta a qualidade da oferta o que, em última análise, torna os actores mais competitivos.

Motivos mais do que suficientes para que Secretário Regional do Turismo e Transportes dos Açores defenda uma maior profissionalização de quem recebe. Para tal o Governo Regional tenciona lançar, em conjunto com várias entidades, um programa abrangente de formação, de forma a permitir recursos humanos “altamente qualificados”.

Nesta perspectiva, e indo nesta estratégia, o Governo Regional está a preparar uma requalificação do turismo, com especial enfoque no espaço rural. O primeiro passo é o de inventariar as unidades existentes, pelo que será feita uma visita às nove ilhas.

E depois há todas as actividades envolventes. “Quem nos visita e procura experiências como os nossos trilhos, a BTT, a observação de cetáceos, o canyoning, entre outras atividades diretamente ligadas à natureza, no final do dia procura conforto extremo e é isso que temos que ser capazes de fornecer nas nossas unidades de alojamento, nomeadamente no turismo rural”, afirmou peremptório Vítor Fraga. O novo sistema de incentivos, o Competir +, tenciona responder a estas novas necessidades, procurando facilitar o acesso ao investimento.

Alexandra Costa – 22Outubro2014@Opção Turismo

Artigo publicado, a 22 de Outubro de 2014, no Opção Turismo

Trilhos pedestres: uma forma de promover os Açores

acoresPara uma região cuja estratégia de promoção tem por base a natureza a criação de uma estratégia de trilhos pedestres é um passo natural. E é algo que os Açores estão a aproveitar. Tal como ficou demonstrado na VII Bienal de Turismo em Espaço Rural, que se realizou na ilha de São Jorge, nos dias 17 e 18 de Outubro. E onde foram apresentados dois dos vários projectos existentes.

Hoje (quase) todas as ilhas já têm definida uma rede integrada de trilhos pedestres. Esta é não só uma excelente forma de conhecer as ilhas como não está limitada pela sazonalidade. Melhor ainda. O turista que procura este tipo de produtos tem outro tipo de exigências. E respeita a natureza. Pelo que não há perigo de haver consequências nefastas.

O importante é criar trilhos com valor acrescentado, e com perfis variados. Que possam ser percorridos por várias faixas etárias. E, preferencialmente, que se interliguem, de forma a potenciar o tempo de estadia.

A ilha do Faial, por exemplo, tem sete trilhos homologados, a que se junta a grande rota: Faial Costa a Costa “800 000 anos de História”. Esta consiste na junção dos vários trilhos, permitindo percorrer a evolução da ilha, desde os seus primórdios até à actualidade.

A estes juntam-se ainda trilhos pedestres não homologados e circuitos interpretativos. É o caso da Descida à Caldeira, o circuito Caminho de Baleeiros e o circuito do Monte da Guia.

Em Maio deste ano realizou-se o 1º Ultra Trail dos Açores que consistiu num percurso de 48 quilómetros. Uma iniciativa que teve 212 participantes de 12 nacionalidades. Mas melhor foi o envolvimento de empresas locais. Não só para assegurar as estadias dos participantes mas também em actividades “acessórias” como os passeios de barco e o whale whatching.

Simultaneamente está a nascer um projecto mais abrangente na ilha de Santa Maria. Denominado de Grande Trilho nasceu de esforço conjunto de cinco amigos: Aléxio Puim, Hélvio Braga, Henrique Loura, João Brandão e Nélson Moura. A diferença aqui está no facto de se pretender englobar muito mais do que simples caminhos pedestres. O objectivo é envolver toda a comunidade, proporcionando outras actividades, como a observação de aves, o geocaching, BTT, promoção do património cultural… basicamente o projecto, que ainda está numa fase inicial, pretende ter como parceiros as entidades governamentais, os operadores turísticos, a restauração e o turismo em espaço rural.

A convicção é a de que esta interligação permitirá criar um novo produto turístico e com isso beneficiar toda a comunidade. Mesmo porque são precisos pelo menos quatro dias para percorrer o Grande Trilho. Mas a ambição não pára por aqui. Já se fala em criar um ultra rail que percorra várias ilhas do arquipélago.

Alexandra Costa – 27Outubro2014@Opção Turismo

Artigo publicado a 27 de Outubro de 2014, no Opção Turismo.

Os novos desafios do turismo em espaço rural

bienal-jorge-costaO turismo em espaço rural é muito específico. Dirige-se a um nicho de turistas com gostos e exigências diferentes. Pessoas que querem autenticidade. Que querem ser bem recebidas, com aqueles mimos que não se vêm noutro tipo de alojamento. Pessoas que, como referiu a OMT, em Setembro de 2003, quando caracterizou este segmento, “procuram a paz e a tranquilidade rural, longe das áreas de grande intensidade turística e que pretendem interagir com o ambiente rural e com a comunidade local, de forma significativa e autêntica”.

E aqui entra o serviço. O contacto humano, que faz toda a diferença. Porque quem escolhe um turismo em espaço rural, explica Jorge Costa, presidente do ipdt, durante a VII Bienal de Turismo em Espaço Rural, que decorreu, a 16 e 17 de Outubro, na ilha de São Jorge, quer um atendimento personalizado, tipicamente familiar. É o caso do miminho no quarto, da garrafa de água, do napperon, do chinelinho de quarto, o pequeno-almoço com produtos caseiros…

A grande vantagem do turismo em espaço rural é que se vende mais do que um simples alojamento. Mais do que um quarto com uma cama. Vende-se uma (ou mais) experiência. E isto permite alargar o pacote a mais entidades do que apenas a unidade hoteleira. Entram as empresas de animação, o artesanato, a cultura, a restauração… toda uma comunidade.

Não esquecer que o turista aqui quer autenticidade. Ou seja valoriza a riqueza cultural de uma região. O que permite, nalguns casos, recuperar artes perdidas ou impedir que se percam. Ou, como refere Jorge Costa, “que têm necessidade de fugir ao movimento e à degradação dos grandes centros urbanos, que pretendem reencontrar a qualidade e a segurança perdidas – descansar e aliviar o stress… e reencontrar a autenticidade dos produtos, do alojamento, da alimentação,…”

Por outro lado é um turista que valoriza o espaço e a natureza e, por norma, tem cuidados na sua manutenção. Ou seja, havendo algum cuidado, é possível ter um turismo que seja sustentável e que tenha sucesso. Basta haver uma adequação da oferta à procura, “numa escala apropriada e sensível ao ambiente”. Mas, para isso, “é fundamental a ligação entre as várias partes: alojamento, actividades, produtos, animação, recursos naturais e culturais, assim como gastronomia e vinhos”.

Como? Apostando na recuperação e/ou construção de habitações turísticas rurais (basicamente em vez de demolir um edifício, recuperá-lo), na promoção de produtos locais variados, na preservação dos patrimónios ambiental e cultural assim como na formação e educação dos intervenientes. Ou seja, não basta ter um negócio a pensar que este sobrevive apenas do “bem servir dos portugueses”. Não. Há que saber falar algumas línguas, saber receber (de forma profissional)… porque apesar da autenticidade há certos requisitos que são mínimos. E que convém saber.

E monitorizar. E fiscalizar. Estar e constante avaliação para detectar falhas e áreas de possível melhoria. Aqui Jorge Costa aponta a vantagem de se dinamizar os pequenos negócios de retalho locais para o estímulo ao consumo dos turistas. E alerta para necessidade de se criar um sistema de classificação dos turismos em espaço rural. Porque não são todos iguais.

E tão ou mais importante. A promoção. A divulgação do produto. Esse é um dos grandes desafios. Com a agravante de existirem muitas incógnitas quanto às melhores ferramentas a utilizar. Marketing direto? Intermediário’ marketing cooperativo? Não há uma solução mágica. Cada caso é um caso.

E é esta incerteza que leva Jorge Costa a defender a necessidade de um trabalho de fundo, um levantamento dos recursos existentes (nos Açores), que permita um diagnóstico e a criação de um estudo de mercado. Que consiga dar resposta a questões como: quem viaja – quem são os clientes? Porque viajam? O que procuram? Como fazem turismo? Onde querem ir? Quando quer ir? Quanto querem/podem gastar?  Só estas respostas permitirão a elaboração de um plano de marketing que irá promover o sector e o arquipélago.

Alexandra Costa – 30Outubro2014@Opção Turismo

Artigo publicado a 30 de Outubro de 2014, no Opção Turismo

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Açores: novos produtos natureza

Bienal-Jasmine-MoreiraQuando o destino promove natureza há que criar todo um conjunto de actividades e subprodutos para cativar os turistas. E isso é algo que o arquipélago dos Açores já está a fazer. Como foi provado aquando da VII Bienal de Turismo em Espaço Rural, que decorreu, a 16 e 17 de Outubro, na ilha de São Jorge.

Entre os vários produtos apresentados destaque para os percursos pedestres, para os passeios para ver as baleias (há, entretanto, quem defenda a criação de um santuário de tubarões), e inclusive birdwatching.

Uma das vantagens do arquipélago, e um motivo de atracção, é o Geoparque Açores. Abrangendo as nove ilhas tem como elementos caracterizadores do património geológico da região vulcões, caldeiras, lagoas, campos lávicos, fumarolas, águas termais, grutas e algares vulcânicos, fajãs, escarpas de falha e depósitos fossilíferos marinhos, entre outros.

Jasmine Moreira, do Departamento de Turismo – UEPG, já viajou um pouco por todo o mundo a visitar geoparques e locais de interesse. Esta professora, que está sediada na Fernando de Noronha deslocou-se desde o Brasil para mostrar bons exemplos de geoparques em ilhas e para descrever o processo que a ilha onde trabalha e reside está a levar a cabo com o objectivo de, também ela, adquirir o estatuto de geoparque. E que assenta no programa de sustentabilidade Noronha +20.

Os exemplos dados procuraram demonstrar que é possível promover um destino de turismo sustentável. Mas isso só é possível com o apoio e a interacção de toda a comunidade. E disponibilizando um produto autêntico e original. A forma de assegurar a sustentabilidade do espaço pode passar por limitar o acesso a um determinado número de pessoas ou usar as novas tecnologias / produtos para proteger a natureza (entre outras possibilidades).

E convém ter criatividade para gerar receitas. Jasmine Moreira deu como exemplo o Parque Nacional Rapa Nui, que criou uns chocolates com a figura das estátuas da ilha de Páscoa.

Artigo publicado a 3 de Novembro de 2014, no Opção Turismo.

Alexandra Costa

Jornalista desde 1996. Adoro viajar, conhecer novas culturas, experimentar gastronomias. Sou viciada em livros e nunca digo que não a uma boa conversa e amo a minha Luna. Defendo que mais vale poucos (e muito bons) amigos do que milhentos conhecidos. E prefiro ver o “copo meio cheio” em detrimento do “copo meio vazio”.

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