Segunda-feira, Dezembro 2, 2024
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Um Belverde a precisar de um pouco mais de Atitude

Este fim-de-semana fui pernoitar num hotel bem perto de Lisboa. Apenas tive de atravessar a ponte, dirigir-me para a margem Sul e, na Amora, fazer o check-in no Evidência Belverde Atitude Hotel. O objectivo? Descansar e, simultaneamente, fazer uma “avaliação” da unidade.

A conclusão foi a de que o hotel tem potencial mas ainda precisa de melhorar alguns pontos. A parte boa é que estes não são factores problemáticos.

Mas comecemos pelo início. Pela sinalética. É algo que, neste caso, faz (mesmo muita) falta. Mesmo porque o GPS (e não é só o meu) não acerta com o hotel. A única forma de o dito equipamento acertar com a localização é se em vez de definirmos o hotel como ponto de chegada seleccionarmos a estação de abastecimento da BP. É que o Belverde fica mesmo ao lado.

A entrada do hotel é aprazível. Decorada com peças de arte e vista para o jardim. Os quartos todos decorados em tons sóbrios têm todos varanda. O chão desta está forrado com uma espécie de relva sintética. Ou seja pode-se andar descalço. O que no Verão é muito agradável.

Outra característica interessante no quarto é a disposição da casa-de-banho, nomeadamente do poliban. Com uma parede de vidro, virada directamente para o quarto, significa muita luz solar. E alguma privacidade porque a pessoa responsável pela decoração teve o cuidado de utilizar vidro fosco na parte central.

Apesar da sensação de relaxamento, do silencio que convida a descansar, notei a falta de algumas coisas, elementos instituídos numa unidade hoteleira de quatro estrelas. Nomeadamente os amenities. É certo que há cada vez mais hotéis a optarem pelos doseadores. Eu própria sou uma defensora dos mesmos. O ambiente agradece e o hotel poupa. E isso reflecte-se depois no cliente final que tem acesso a produtos de melhor qualidade. Supostamente.

No entanto, mesmo com o recurso aos doseadores há amneties que não podem faltar. É o caso da touca de banho, por exemplo. E ter um único doseador que faça o papel de gel de banho, shampoo e amaciador para o cabelo… espero isso de um hotel de três estrelas, não de um de quatro (convinha ter um para cada função).

Uma vez que o Evidência Belverde Atitude Hotel tem restaurante e, dado que um dos objectivos era fazer uma avaliação, optei por jantar “em casa”. Infelizmente (para os hóspedes, não para o hotel) nesse dia a sala estava reservada para um casamento. No entanto foi-me assegurado (e aos outros hóspedes) que poderíamos jantar na esplanada, que seria exactamente igual. Bem… não exactamente. Por muito boa vontade que os funcionários tenham servir no bar não é a mesma coisa que estar no restaurante e aconselhar os clientes sobre o prato e vinho a escolher. E depois saem pérolas como ter um rosé a acompanhar um entrecôte. Ou ter um prato e faca para o pão e o dito nunca chegar à mesa ou ser sequer sugerido.

No meu caso optei por creme de abóbora (nome normal e não o fino que consta na ementa) e um risoto de pato. Em relação à comida fiquei com a sensação de que a cozinha estava assoberbada com a festa a decorrer no andar de cima. Não que os pratos estivessem mal confeccionados. Mas não estavam perfeitos ou ao nível do risoto que tinha previamente experimentado, no mesmo local.

Terminada a refeição só havia três hipóteses. Ficar junto ao bar (onde a televisão passou o tempo todo a dar futebol) ou recolher ao quarto ou pegar no carro e ir à aventura. O dia já ia longo e optei pela segunda hipótese. Mesmo porque para ver televisão preferia o aconchego e privacidade de um local onde poderia escolher o canal a ver. Ou assim pensava eu. Porque a escolha é algo limitada.

No dia seguinte foi a vez de analisar o pequeno-almoço (servido na sala do restaurante, logo ao lado da recepção). E aqui não há muito a apontar. A oferta é ampla e diversificada. Há pratos quentes, fruta fresca, cereais, vários tipos de pães, bolos… Com o tempo quente o melhor local é mesmo a varanda, com vista para o jardim e para a piscina (esta com camas almofadadas a convidar ao relax). Apesar de não ser de dimensões gigantescas (pelo contrário) está bem concebida e disposta de forma acolhedora. O que torna o espaço bem agradável.

Para quem gosta dessas coisas há ainda um ginásio e um spa, com piscina interior.

A avaliação final deste hotel a poucos minutos de Lisboa é algo que diria… “nim”. Ou seja, tem pontos positivos e negativos. Em termos dos positivos destaco a decoração, o sossego. No menos positivos a inexperiência dos funcionários. Apesar da boa vontade e da simpatia um hóspede não espera que o/a funcionário que o está a atender não saiba, por exemplo, o horário do pequeno-almoço. Ou dizer que não aconselha determinado prato que consta da ementa. Se não aconselha é porque não é bom? Se não é bom porque está na ementa? Por outro lado é tempo de os hoteleiros se convencerem da importância da formação. Principalmente em áreas tão específicas como o vinho. Se não têm um escanção então há que dar formação a quem serve os hóspedes. Porque uma má combinação de prato/vinho pode estragar uma refeição.

A parte boa é que estes aspectos menos bons são facilmente corrigidos. E mais facilmente desculpáveis pelo facto de o hotel ainda ser muito recente. Mas que têm de ser rapidamente corrigidos.

Artigo publicado no Opção Turismo, a 25 de Maio de 2015.

Alexandra Costa

Jornalista desde 1996. Adoro viajar, conhecer novas culturas, experimentar gastronomias. Sou viciada em livros e nunca digo que não a uma boa conversa e amo a minha Luna. Defendo que mais vale poucos (e muito bons) amigos do que milhentos conhecidos. E prefiro ver o “copo meio cheio” em detrimento do “copo meio vazio”.

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