Um ano, duas edições do Sushi Fest
Decorreu, entre quinta e sábado aquela que foi considerada como sendo a primeira edição do Sushi Fest. Amplamente promovida na comunicação social, nas redes sociais… prometia sushi à descrição, bom ambiente e música portuguesa. Tudo nos Jardins do Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras.
Acontece que na realidade o que ocorreu foram duas edições do Sushi Fest. Passo a explicar. Houve uma edição no primeiro dia e outra nos dias seguintes. Porque ocorreram duas realidades completamente distintas.
No primeiro dia praticamente tudo o que poderia correr mal… correu. Filas enormes com as pessoas a esperarem (e desesperarem) pela comida e a organização sem conseguir dar vazão aos pedidos. Soube-se depois que houve vários problemas entre eles a entrega do peixe. Mais precisamente o facto de este ter chegado apenas duas horas antes da hora prevista do jantar.
O certo é que houve muitas pessoas que compraram apenas um bilhete, para aquele dia, e sairam defraudadas – houve quem saísse do recinto sem sequer ter provado uma peça de sushi ou visto o concerto. E atenção. Os bilhetes não eram propriamente baratos.
A manhã de sexta-feira acordou com centenas de comentários espalhados pelas redes sociais. Seja na página de Facebook do Sushi Fest quer nos inúmeros artigos que a comunicação social publicou sobre o que pode chamar de fiasco. Houve inclusive quem tenha apelidado o evento de Jejum Fest.
Se o festival tivesse acabado por ali, apenas no primeiro dia, o título seria mais do que perfeito. Conversei com diversas pessoas e o desanimo era total. Nem comida, nem concerto, nem dinheiro. E pior ainda, houve relatos de pessoas que tiveram de esperar cerca de uma hora para fazer uma reclamação.
A culpa foi única e exclusivamente da organização? Não. Mas a organização poderia ter previsto e acautelado a situação. Principalmente quando a meio da tarde o principal ingrediente ainda não tinha chegado. Só com esse atraso já se anteviam problemas.
A organização não foi suficientemente rápida a dar resposta a todo um conjunto de problemas que, como bola de neve, ganharam importância e enfureceram quem lá foi.
E foi com um grande desânimo (e muita fome) que o primeiro dia terminou. O que colocou algum receio face aos dias seguintes. Aconteceria a mesma coisa?
2ª Dia, um novo Sushi Fest
Confesso que tive o cuidado de abastecer o estômago antes de entrar no recinto do Sushi Fest na sexta-feira, segundo dia do evento. A experiência anterior não tinha sido propriamente tranquilizadora e mais vale prevenir que remediar. Mas não era necessário. O evento estava completamente diferente. A situação da confecção e distribuição da comida tinha passado do 8 ao 80. As filas eram pequenas, as pessoas rapidamente servidas, houve comida em quantidade mais do suficiente (houve quem repetisse cinco e mais vezes) e a determinada hora os clientes tiveram inclusive a um bar aberto de chá.
Ah.. mas poderão dizer que isso só aconteceu porque a afluência foi menor. É certo que esse foi um factor importante. Houve muito menos pessoas. Não tenho os números oficiais mas fazendo uma estimativa diria que talvez metade dos 3.000 apontados para quinta-feira. As pessoas circulavam sem atropeles, houve tempo para assistir às animações dos patrocinadores (aqui a do Lidl destacou-se) e ouvir, calmamente, o concerto de Paulo Gonzo (no primeiro dia o palco coube aos Amor Electro).
Considerando a menor afluência a verdadeira prova do Sushi Fest iria ser no último dia. Que já estava completamente esgotado há algum tempo. Pois… prova superada.
Se o primeiro dia não tivesse existido diria que o Sushi Fest foi um sucesso. Que se conseguiu provar que é possível fazer um evento gastronómico com este tipo de comida tão exigente.
Olhando para os três dias no seu global… a sensação que fica é que houve dois evento. Um em que tudo correu mal e outro onde (quase) tudo correu bem.
Azar? Talvez. Mas principalmente alguma (muita) inércia. A organização deveria ter sido mais rápida a responder aos problemas. No primeiro dia. Porque nos outros nada a apontar.
A repetir? Talvez… desde que seja o evento dos dois últimos dias e não o do primeiro.
Artigo publicado, a 8 de Julho de 2015, no Opção Turismo.