Ibo: Moçambique com vista para o Tejo
Um olhar no passado e outro no futuro. Uma interligação de sabores. Um restaurante onde comer é, definitivamente um prazer.
Tudo começou um pouco por acaso. Um evento, uma falha do fornecedor de catering e João Pedrosa “chegou-se” à frente. E o que começou como que uma brincadeira rapidamente assumiu um “tom” sério. E resultou na abertura, em 2008, doIbo, no Cais do Sodré. Um restaurante cuja cozinha aposta numa fusão entre a gastronomia portuguesa e moçambicana, terra de infância dos proprietários. E foi essa nostalgia que levou à escolha do nome e inclusive a alguma da decoração.
Instalado num antigo armazém de sal pouco resta da sua história. Com uma decoração sóbria e moderna o branco das paredes e do mobiliário domina num espaço com apontamentos referentes a Moçambique. É o caso das várias fotografias expostas e de algumas peças de artesanato. Uma breve (e bonita) introdução à refeição.
A carta é fértil em tentações. De tal forma dificulta a escolha. A única solução é mesmo regressar para experimentar novos pratos.
Mesmo assim… mesmo assim há alguns preferidos. Como a Salada de caranguejo e manga sobre mistura de “verdes”. Uma mistura de sabores que apena ao exotismo africano com a frescura do tomate e dos citrinos. Também imperdíveis os Camarões em tiras de massa filo com maionese de limão e “gremolata” de salsa, assim como as chamuças com perfume de Goa. Em todos os pratos se nota um cuidado na fusão entre duas gastronomias apresentando um resultado final que não só é delicioso e visualmente apelativo como de fácil digestão.
O domínio do marisco e do peixe mantém-se nos quentes. Pode optar por um prato leve (mas onde domina o contraste de sabores) e escolher os Lombinhos de peixe em molho de côco e coentros com puré de mandioca e batata doce ou seguir para uma das especialidades da casa e selecionar um dos “caris”: Caril de caranguejo desfiado ou aril de camarão com arroz basmati. Para quem não prescinde da carne então a sugestão vai para o Frango no forno à “Zambeziana” ou para o Chacuti de cabrito.
As perdições continuam na área das sobremesas. Para os super gulosos só há uma escolha possível: Banana caramelizada com gelado de nata e crocante de sementes de sésamo (que o Ibo aconselha que seja acompanhada de um vinho do Porto LBV). Se prefere algo mais light (mas nem por isso menos saboroso) então a opção recai sobre Papaia recheada com requeijão de ovelha e redução de vinho do Porto (que deverá ser servida com vinho do Porto Vintage).
Numa cidade onde existem poucos restaurantes com gastronomia africana este é um dos espaços a visitar e revisitar. Seja para um almoço mais apressado ou para um jantar calmo. Entre a vista para o rio e as delicias que são trazidas para a mesa é impossível sentir-se defraudado.
IBO Restaurante
Rua da Cintura do Porto de Lisboa, Armazém A, Compartimento 2, Cais do Sodré, Lisboa
Telefone: (+351) 213 423 611 / (+351) 961 332 024
http://www.ibo-restaurante.pt/
Por Alexandra Costa/OJE
Artigo publicado a 27/