The Agartha Boutique Hotel: Bem-estar sagrado, entre Tomar e Fátima
O nome não é fácil de pronunciar e é, obviamente, estranho. Mas, só até se conhecer o seu significado e perceber que este se enquadra perfeitamente neste novo projeto hoteleiro.
Diz a crença budista (ou lenda, se preferirem) que existem oito cidades sagradas em quatro dimensões. A Agartha é uma delas. Uma cidade/reino que existirá dentro da Terra. Mas, para Sérgio Freitas e Michelle Pacheco o termo tem outro significado. Agartha significa um sentimento acolhedor, de estarmos aconchegados dentro da Mãe Terra, uma sensação de bem-estar resultante do equilíbrio entre os vários elementos. E foi isso mesmo que os proprietários do The Agartha Boutique Hotel (Rua de Capela, 41 A, Lugar de Monchite –Sabacheira. Tel. 249 560 000) quiseram transmitir com este projeto hoteleiro, localizado no concelho de Tomar. Desde a conceção arquitetónica, passando pela escolha dos materiais, até mesmo à decoração, todas as opções têm significado.
No The Agartha Boutique Hotel há como que dois níveis. O primeiro acolhe a receção, a entrada para o bar e o acesso à sala de reuniões/multiusos. E é nestes três espaços que se nota mais o “estar dentro da terra”. A disposição e localização no empreendimento dá a sensação de que foram escavados, de que nos encontramos numa caverna, mas com uma ligação ao mundo exterior (assegurada por claraboias que fornecem luz natural). A utilização da madeira e a decisão de manter a pedra original “casa” com os materiais modernos necessários aos dias de hoje. A verdade é que nem nos apercebemos que temos algo (o jardim!) por cima das nossas cabeças.
Na conceção do Agartha houve todo um cuidado na seleção da arquitetura – a opção foi por um edifício moderno e arrojado, de linhas simples e direitas. E, depois… a cor escolhida. Não é por acaso que o The Agartha Boutique Hotel é conhecido como o hotel do edifício vermelho, desde que abriu em setembro de 2016. Conforme nos aproximamos é fácil perceber o porquê disso mesmo. A unidade destaca-se dos restantes edifícios. Uma volumetria a direito, totalmente pontada de vermelho que simultaneamente choca e parece estar enquadrada na paisagem.
O cuidado em conciliar o passado com o presente está patente um pouco por todo o hotel. Desde logo a estrutura das áreas públicas. Aquando da restauração de uma casa com centenas de anos existiu o cuidado de, por um lado, manter o máximo possível da estrutura original, mas também de utilizar materiais modernos, que não criam uma dissonância. E o caso mais paradigmático (e exemplificativo) está nas escadas (de pedra) que ligam a entrada ao jardim e ao edifício onde se encontram os quartos. Não só a pedra original foi mantida (apesar de a sugestão inicial ser a de destruir e colocar algo completamente moderno) como existiu o cuidado de ter um complemento à altura: uma árvore que se enquadra tão bem no espaço que parece que sempre ali esteve.
Ao entrarmos nos nove quartos (desde €105) uma nova surpresa. Entre aparelhos modernos (necessários às exigências de hoje) como aquecimento e televisão, encontramos mobília em estilo vintage, como cadeirões de onde não apetece levantar, e peças únicas como as secretárias feitas de troncos de árvores. Pelo meio, pequenos apontamentos como os despertadores (sem pilhas) de antigamente. Todos os quartos dão para o jardim e terraço e para o vale onde o The Agartha Boutique Hotel está localizado (entre Tomar e Fátima) e de onde é possível assistir ao nascer e ao pôr do sol. Um local único, onde também é possível degustar o pequeno-almoço, um snack ou uma bebida antes do jantar.
Para quem gosta de um pouco mais de privacidade pode sempre optar pelos quartos do primeiro andar que têm todos uma pequena varanda. Há ainda uma “vila” (desde €420). Um duplex onde se pode encontrar uma sala e cozinha totalmente equipadas e, no andar superior, dois quartos com casa de banho partilhada. Um espaço mais vocacionado para famílias ou grupos de amigos.
O The Agartha Boutique Hotel é uma unidade onde se pretende confortar o corpo e a mente. Onde a decoração e a arquitetura foram pensados de forma a transmitir uma sensação acolhedora. Um espaço zen onde as pessoas podem regressar depois de andar a visitar a região. Sim, porque há muito para ver nos arredores. A cidade medieval de Ourém e a templária Tomar estão a poucos minutos de carro. E mesmo Fátima fica “já ali”.
Um local onde predomina o “dolce fare niente” e que, num futuro muito próximo, vai ser complementado com novos serviços, nomeadamente, uma piscina e um centro de bem-estar, onde serão ministradas sessões de ioga e massagens. A funcionar está já o restaurante Abundância, liderado pelo chefe Pedro Rodrigues, que aposta no “conceito da quinta para a mesa”, com pratos de base tradicional, mas com um toque criativo e de requinte.
Artigo publicado a 30 de Janeiro de 2017, no Boa Cama Boa Mesa.