Segunda-feira, Março 17, 2025
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Restaurante Trio: A criatividade de Manel Lino posta à prova

Funciona à porta fechada, serve apenas jantares e tem apenas dois menus. Esta é a nova aposta do chefe Manel Lino, num espaço onde predominam os produtos sazonais, utilizados numa cozinha de autor a preços acessíveis.

Do lado de fora, o restaurante Trio (Rua Dom Francisco Manuel de Melo, 36, Lisboa. Tel. 912 087 901) despercebido. Mas, esta é uma opção consciente. O espaço não está numa zona de passagem e a porta fechada garante a privacidade dos clientes.Ao entrar nota-se imediatamente o ambiente calmo e sereno, fruto das peças e cores escolhidas para a decoração. Tudo feito pelos proprietários, o chefe Manel Lino e a mulher, Joana.

Cozinha de autor, mas a preço acessível. É desta forma que o chefe caracteriza o Trio, que aposta numa cozinha de mercado criativa. Este projeto é o culminar de um sonho. O sonho de ter um espaço próprio onde pode “brincar” e experimentar. O resultado é um restaurante onde se privilegiam os produtos de época. Para evitar desperdícios e aproveitar as capacidades da (pequena) equipa a solução passa por ter apenas dois menus, que mudam regularmente (de duas em duas semanas) e estar aberto apenas ao jantar. Os clientes podem optar pelo “Trio”, constituído por quatro pratos e que custa €42 (se optar pela harmonização com bebidas acrescem €20). Em alternativa há o menu “Clássico”. Por €28 podem ser degustados três pratos (nesta opção, o suplemento de bebidas custa €15).

Mas, vamos à refeição propriamente dita. Esta começa com alguns snacks (se bem que o termo parece errado para designar o que é colocado na mesa). Se lhe servirem Brioche de alheira cozido ao vapor, Merengue de beterraba recheado com iogurte grego e Enguia braseada, e ainda Batata frita com paté de isca e pickle de cebola não hesite. Aproveite e delicie-se.

Nos pratos propriamente ditos a Corvina com couve coração e mousse de sardinha é claramente o prato mais apreciado por quem já visitou o Trio e que surpreende, não só pelos diferentes sabores – só para se ter uma noção o chefe utiliza dois tipos de couve: a galega é frita e depois desidratada; e a coração que é assada e envolve o peixe –, mas também pela textura e pela utilização de ingredientes não usuais. O Leitão é outro prato que reúne consenso. Distingue-se pela utilização da abóbora assada, pela castanha glaciada com molho de leitão e cogumelos.

A harmonização dos vinhos está a cargo de Daniel Lopes, que criou a carta de 27 referências e que assegura o bom “casamento” com os pratos dos dois menus.

Artigo publicado a 4 de Janeiro de 2017, no Boa Cama Boa Mesa.

Alexandra Costa

Jornalista desde 1996. Adoro viajar, conhecer novas culturas, experimentar gastronomias. Sou viciada em livros e nunca digo que não a uma boa conversa e amo a minha Luna. Defendo que mais vale poucos (e muito bons) amigos do que milhentos conhecidos. E prefiro ver o “copo meio cheio” em detrimento do “copo meio vazio”.

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