Adeus Cléo, adeus ternurinha
Não era para ficar lá em casa. Quando nasceu tinha outra casa destinada. Mas a pessoa que a queria acabou por nunca a ir buscar e aos poucos, de mansinho, conquistou o nosso coração. Mesmo porque onde comem duas comem três. E assim ficou lá em casa, ainda para mais quando detectámos que tinha problemas respiratórios.
Rapidamente conquistou a alcunha de ternurenta ou pachorenta. Uma cadelinha super meiga, com algum receio (muito) dos humanos e super protectora com a irmã mais pequena. Quando a Ísis faleceu, e talvez por terem nascido e vivido juntas durante 10 anos, não acolheu com bons olhos o aparecimento da Luna. No primeiro mês se apanhava a minorca batia-lhe. De tal maneira que não as podia deixar sozinhas. Até que um dia dei com elas a brincar de esconde esconde. A partir dessa altura tornaram-se inseparáveis.
Há coisa de um ano descobrimos que tinha diabetes. E com isso vieram os problemas no fígado, o ficar cega e, mais tarde, tumores mamários (que, pelos outros problemas, não podiam ser tratados). E foi nessa altura que os papeis se inverteram, com a Luna a assumir o papel de protectora. Era vê-la abraçar a Cléo sempre que via alguém com a seringa (da insulina).
Hoje o céu ganhou uma nova estrela. Porque se há um céu para os humanos (para quem acredita), tem obrigatoriamente de também haver um para os animais.
Adeus Cléo. Vamos sentir a tua falta. Passaram apenas uns minutos mas parece que foi toda uma vida. Sinto falta do teu olhar ternurento e custa-me saber que não vou voltar a rir com as tuas aventuras (todas relacionadas com comida). Junta-te à tua irmã e à tua mãe e vela pela Luna. Adeus ternurinha.