Vida de jornalista… quando o hotel ficava do outro lado da rua
Em cada viagem há uma história. Um incidente que, no momento em que ocorre, nos transtorna a vida, nos dá um ataque de nervos, mas, que algum tempo depois vira uma história a contar e nos faz rir.
Lembro-me da primeira vez que fui à Alemanha, a uma cidade a cerca de uma hora de Frankfurt (não me perguntem o nome da mesma, sei pronunciá-lo, mas não escrevê-lo). Íamos visitar uma fábrica, a convite da filial portuguesa.
As instruções eram simples e chegaram via fax. Aquela maquineta desconhecida para as gerações mais novas – sim, eu sei, sou uma dinossaura do jornalismo. Deveríamos (eu e uma outra jornalista – creio que do Público) dirigirmo-nos para a praça de táxis, apanhar um táxi para o hotel Sheraton, onde esperaríamos uma hora – o tempo necessário para o representante da filial portuguesa e outro jornalista chegarem do Porto.
Depois de percorrermos uma autêntica maratona dentro do aeroporto – não sei se conhecem o aeroporto de Frankfurt, mas é gigante – de esperarmos pacientemente na fila pela nossa vez, entramos no táxi e pedimos para o taxista nos levar ao hotel Sheraton.
Quando o senhor pediu para repetir pensei que não tinha sido suficientemente clara. Que ele não percebia inglês – sei muito pouco de alemão, apenas saúde, bom dia e obrigada – ou que tinha pronunciado mal as palavras. Mas não. Quando confirmámos que queríamos mesmo ir para o hotel Sheraton o senhor limitou-se a estender o braço para o outro lado da rua e perguntar “aquele?”.
Muito aparvalhadas perguntámos se só havia aquele. A resposta foi positiva. Encabuladas, pedimos desculpa e retirámos a bagagem do porta-malas. No meio disto tudo só pensava que se fosse em Portugal o taxista ter-nos-ia levada a dar a volta ao bilhar grande, cobrado uma taxa exorbitante e deixado do outro lado da rua sem nos apercebermos disso.
Tal como disse no início… em cada viagem há sempre (pelo menos) uma história.