Segunda-feira, Março 17, 2025
Notas Soltas

Vida de jornalista … 24 horas em que todo o que poderia correr mal … correu

Há dias em que uma pessoa não deveria sair da cama. E normalmente só temos essa noção quando o dia chega ao fim. Vou contar-vos o que me aconteceu em tempos, e que se enquadra, perfeitamente, nessa situação, em mais um episódio de “Vida de jornalista“.

Mas antes disso um parêntesis. Quem acompanha o mundo do jornalismo de TI conhece uma colega que é famosa pelas suas aventuras mirabolantes, pela paixão pela Star Wars (Guerra das Estrelas) e pelos mil e um incidentes que lhe acontecem e que ela consegue transformar, de forma magistral, em histórias de nos fazer rir às lágrimas. De tal forma que, sempre que tenho algo que sequer se aproxima das aventuras da S.M. temos a tendência a dizer “estamos sob a influência da S.M.”, ao que ela responde algo como “estás no bom caminho”, “enches-me de orgulho”.

Pois em tempos eu tive um dia em que fui totalmente açambarcada pela influência da S.M. Passo a explicar. Imaginem um dia de sol (não estávamos no Verão, mas parecia) em que uma pessoa vai trabalhar já com roupa mais leve (t-shirt de alças, sandálias abertas… acho que conseguem imaginar). Eis que, já no fim da tarde cai uma carga de água que rapidamente cria lençóis de água na estrada. Um cenário lindo e maravilhoso… NOT … propício para “afogar” os motores dos veículos de quatro rodas. Principalmente quando o veículo que circula na faixa contrária não tem cuidado nenhum e lança uma montanha de água para o vosso para-brisas, tirando toda a vossa visibilidade. Pois… foi isso que me aconteceu. E foi apenas o início de umas 24 horas muito, mas muito mesmo, azarentas.

Felizmente apesar de o meu “boguinhas”, como amigavelmente trato o meu carro, ter apanhado uma montanha de água, conseguiu esquivar-se ao lençol (de água) e safar-se de afogar o motor. Ou assim pensava eu. Porque apanhou água. O motor apenas não morreu de imediato. Não. Foi morrer uns metros mais à frente, precisamente nos semáforos do cruzamento. Sendo que eu era a primeira da fila e numa via só com uma faixa para cada sentido. Na hora de ponta. Estão a ver o caos, certo? As buzinadelas? Os nomes com que os outros condutores resolveram premiar-me? Principalmente porque, por mais que eu rodasse a chave, não acontecia nada. Por mais que tentasse o carro não se mexia. Tadinho.

Reboque? “Ah, menina, estão todos ocupados que a chuva provocou acidentes e afogamentos”…. Sim, eu sei. O meu carro foi um deles.

Cerca de uma hora depois lá consegui pôr o carro a funcionar (nem sei bem como, acho que tive sorte… ou assim pensava). Tratei do que tinha a tratar e fui às compras – convém referir que o carro, na altura, tinha um pequeno problema com o fecho central, pelo que tinha de fechar porta a porta.

No fim das compras (e ainda sob intensa chuva) deparo-me com (mais um) problema. A fechadura do carro tinha morrido em definitivo. Ou seja, não conseguia abrir nenhuma das portas. Recapitulemos. Chovia a potes, era fim do dia e eu estava no estacionamento de superfície de um espaço comercial, carregada de compras.

Mesmo assim, apesar de tudo, tive sorte. A oficina que costumava frequentar (e que se encontrava a uns 500 metros de distância) ainda não tinha fechado (acho que a apanhei aberta por uns 5 a 10 minutos). Posso dizer que foram impecáveis. O mecânico veio ter comigo e tentou, sem sucesso, resolver a questão. E quando eu pensava que não havia solução ele lembra-se “e se tentar entrar pelo porta-bagagens?”. E foi isso que aconteceu. Abrimos o porta-bagagens, rebatemos os bancos e lá consegui abrir a porta traseira do carro. Nem pensei mais nisso. Fui directa para casa. Não fosse acontecer mais alguma coisa.

Mas se eu pensava que a minha onda de azar tinha terminado estava muito enganada. Lembrem-se, o título da história diz “24 horas” e a história começou ao final da tarde.

No dia seguinte, já sem pensar no que tinha acontecido, segui para Lisboa, para uma reunião de trabalho. Estacionei o carro em Telheiras (ia apanhar o metro), tendo o cuidado de, antes de sair, ter carregado na patilha que tranca a porta. Só que me esqueci de tirar a chave do motor. Ou seja, tranquei o carro com a chave lá dentro.

Ok. respira fundo. É para isso que existem os seguros.

Nop. As alterações do seguro tinham sido alteradas e a seguradora achou que não valia a pena informar-me do mesmo. Aliás, quando liguei para a seguradora, da qual era cliente há quase 20 anos, verifiquei que o seu sistema informático era do melhor que há (estou a ser irónica). É que segundo o sistema eu era cliente deles há cinco anos.

Ok. Vamos pensar noutra coisa. Chave suplente.

Liguei para a minha mãe (o que seria de nós sem as nossas mães?) e pedi-lhe para ir buscar a chave suplente, apanhar um táxi e ir entregar-ma. Afinal eu não podia sair do pé do carro – em caso de roubo não podia dizer nada, afinal… a chave estava no motor.

Pois… o problema é que a chave suplente não estava no sítio habitual. E foi nessa altura, de puro desespero que dei conta que estava sob a influência da S.M. Era a única explicação para um dia de azar. Horas de incidentes atrás de incidentes.

Julgam que isto acaba por aqui? Nã nã. Depois de já ter a chave (várias horas depois porque foi um belo sarilho descobrir a porra da chave suplente), de ter cancelado a reunião (tenho a dizer que as pessoas foram super simpáticas) eis que, no caminho para casa… furo.

Lá está. 24 horas em que tudo (ou quase tudo, acho que a única coisa que não aconteceu foi um acidente) que poderia acontecer… aconteceu.

Alexandra Costa

Jornalista desde 1996. Adoro viajar, conhecer novas culturas, experimentar gastronomias. Sou viciada em livros e nunca digo que não a uma boa conversa e amo a minha Luna. Defendo que mais vale poucos (e muito bons) amigos do que milhentos conhecidos. E prefiro ver o “copo meio cheio” em detrimento do “copo meio vazio”.

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