Renault Clio: suavidade e poupança
Com um design arrojado, com um motor económico, transportando um nível de equipamento de luxo e a um preço acessível… eis o Clio!
Surpresa… Essa é a palavra que nos surge de imediato quando olhamos, e mais ainda quando conduzimos, o novo Renault Clio. E a surpresa começa logo no design, diferente das versões anteriores. As linhas permitem uma aerodinâmica completamente nova. A frente, por exemplo, faz lembrar os desportivos mais arrojados, tradicionais das corridas de automóveis. Já a traseira, com um ar mais másculo, confere segurança e estabilidade ao veículo.
O novo Clio está disponível em três níveis de equipamento, (Confort, Dynamique S, Luxe) e dois motores (gasolina e diesel) de 90 cavalos, tendo o LusoMotores experimentado, desta vez, a versão Luxe 1.5 dci de 90 cv, sendo sobre esta versão que deixamos a nossa avaliação.
Sobre a imagem e design do veículo nada a apontar. Muito pelo contrário. a quebra com as versões anteriores foi bem vinda e surpreendeu, garantidamente pela positiva. Na verdade, o novo Clio não só chama a atenção como, para muitos, torna-se um objecto de desejo. Ou não tivesse ele sido concebido, como refere a Renault, como se fosse uma escultura. O desenho teve como base a imagem do do concept-car DeZir, apresentado em Outubro de 2010, no Salão Mundial do Automóvel, em Paris. E o resultado foi uma frente dianteira expressiva, com linhas alongadas e fluídas, e um flancos traseiros de linha desportiva, a dar um ar mais viril.
É impossível desviar o olhar do Clio. Nem que seja para apreciar as linhas e ver se “estamos a ver bem”. Por outro lado há novidades… inesperadas. As portas de trás, por exemplo, são ao estilo “coupé”. Ou seja, com os puxadores na lateral superior, quase despercebidos. Tudo para não prejudicar o design.
Mas a surpresa não acaba aqui. As dimensões do Clio enganam, provocando a ilusão óptica que nos sugere que o veículo é mais pequeno do que é realmente. Certo é que o interior foi pensado ao pormenor, algo que se vê nos diversos espaços de arrumação existentes e na disposição dos mesmos. Num automóvel em que o conforto foi o principal objectivo. Aliás, esta preocupação nota-se no facto de todas as funcionalidades estarem facilmente ao alcance do condutor, muitas delas acessíveis através de botões no volante. Não sendo demasiado pretensioso, o tablier prima pela simplicidade e elegância.
É muito fácil, mesmo a conduzir, atender uma chamada (através da ligação Bluetooth), aumentar o volume do rádio ou mudar de estação. No entanto há um pequeno senão. O GPS incorporado é relativamente limitado. Quem funciona habitualmente com este tipo de equipamentos pode ficar frustrado ao não encontrar tudo o que está habituado, nomeadamente ao nível de pontos de interesse. Poderão pensar que tal se deve ao facto de hoje em dia quase todos integrarem os smartphones com o automóvel. Acontece que os fabricantes têm de pensar em todos os cenários possíveis. Inclusive em clientes que não possuem smartphones ou que viajam em regiões onde há pouco sinal da rede de comunicação adoptada pelo condutor para o seu smartphone.
Condução suave
Depois de entrar no habitáculo do Renault Clio e efectuar os passos habituais (regular o banco, os espelhos…) começa a viagem. E verifica-se que, tal como em outros modelos, a embraiagem da Renault é mais dura do que de alguns concorrentes. Contudo, isto não é uma crítica mas apenas uma constatação, até porque o condutor rapidamente se habitua.
Apesar disso a impressão que perdura é a da suavidade da condução. O motor é extremamente silencioso e responde rapidamente às instruções do condutor. A versão testada implicou a rápida “subida” das mudanças. A explicação está no facto de a Renault ter usado o motor Energy TCe 90 no novo Clio, utilizando a experiência que a marca adquiriu na Fórmula 1. Para quem gosta de detalhes mais técnicos convém mencionar que o turbocompressor de baixa inércia oferece poder de aceleração logo a partir dos regimes mais baixos. Segundo a Renault o binário de motor de 135 Nm – que proporciona arranques enérgicos e acelerações francas – está disponível num intervalo de utilização muito amplo: 80% do binário entre as 1650 rpm e as 5200 rpm.
Uma outra vantagem assenta no consumo, mais precisamente no baixo consumo. Segundo dados disponibilizados pela Renault o motor Energy TCe 90, numa versão optimizada, consome apenas 4,3 litros aos 100 km* no ciclo NEDC, ou seja, perto de menos de um litro do que o motor TCe 100 montado no Clio III.
A experiência da LusoMotores confirma os dados disponibilizados. Sem grandes cuidados, com uma condução do quotidiano um depósito consegue facilmente “fazer” mais de mil quilómetros. Ou seja, acabaram-se as preocupações com “onde é que há um posto de abastecimento?”.
Ainda sobre o motor há que falar do Stop & Start. Esqueçam as chaves tradicionais. Com o novo Clio basta carregar no botão. E prepare-se para ouvir… quase nada. Apesar de funcionar a diesel o motor do Clio é extraordinariamente silencioso. Quer ao ligar, quer ao desligar. E há também a função “stand by”. Se tiver o veículo ligado sem estar a conduzir este, ao fim de um tempo, hiberna. Foi a forma encontrada pela Renault para poupar. Quer no combustível quer nas emissões de CO2.
E falando em ambiente. Essa é uma preocupação recorrente da marca francesa, de novo presente no Clio. Não só na condução Eco, como nas vários funcionalidades existentes com o intuído de tornar este um veículo amigo do ambiente. Para se ter uma ideia as emissões de CO2 baixaram para 99 g/km, ou seja, uma redução de 26 g de CO2 por quilómetro (-21%).
Mas o Clio é mais do que automóvel com um motor “interessante”. De nada vale se o interior não corresponder às expectativas do condutor. Aqui há a salientar o ar condicionado automático, ainda mais no calor do Verão. Assim como o tecto em vidro panorâmico, que confere um outro prazer de condução.
O conforto é o já habitual da marca Renault. Assentos que quase parecem uma cadeira de massagem, capazes de se personalizarem ao físico do condutor, inúmeros espaços de arrumação e imenso espaço. Mesmo nos bancos traseiros. Acabou-se os joelhos encostados ao banco da frente. O mesmo acontece à bagageira. Esta parece ter espaço para levar tudo e mais alguma coisa.
Em conclusão, o Clio é definitivamente um veículo a ter em conta se está a pensar mudar de automóvel. Principalmente tendo em conta o nível de equipamento, o motor envolvido e o nível de poupança. Só para ter uma ideia, a versão testada (Luxe 1.5 dci 90 cv) tem um preço base de 19.800 euros. Apetecível!
Artigo publicado no LusoMotores, a 2 de Outubro de 2013.