Terça-feira, Fevereiro 11, 2025
MediaOje

Gorongosa reabre em Abril com hotel renovado

Gestão da unidade, entregue à Visabeira Turismo, significou um investimento de 1,4 milhões de euros. O novo Girassol Gorongosa Lodge & Safari promete alojamento para 100 pessoas e muitas experiências.

POTENCIAR o turismo daquele que é “A” reserva natural de Moçambique, atrair mais turistas e permitir um maior número de experiências. Esse é o objectivo do “novo” hotel, denominado de Girassol Gorongosa Lodge & Safari. A gestão da unidade foi entregue à Visabeira Turismo, que tem mais de 1200 camas no país.

Toda a infra-estrutura foi remodelada e requalificada, com objectivo de disponibilizar um turismo de qualidade. O hotel promete diferentes tipos de alojamento, que poderão abrigar até 100 hóspedes, com preços (por noite) que vão dos 50 dólares (tendas equipadas individuais) aos 240 dólares (bungallows para famílias, com a capacidade para quatro pessoas).

A promessa é de muita diversão, tanto mais que a Visabeira Turismo está a preparar um conjunto de experiências alternativas ao tradicional safari fotográfico, como sendo passeios no rio ou andar a cavalo. A promoção, feita em conjunto com o Parque, está a ser feita em todos os mercados que têm uma relação histórica com Moçambique ou que mostram interesse por este destino. É o caso de Portugal, Brasil, França, Itália ou Bélgica. O objectivo, para já, é o de conseguir (pelo menos) as cerca de 50 mil visitas anuais que o Parque já chegou a ter.

O PARQUE NACIONAL DA GORONGOSA, reserva natural com uma área de mais de quatro mil quilómetros quadrados, decidiu reestruturar a sua unidade hoteleira. Potenciar as cerca de 50 mil visitas anuais ao parque. Mas, como o objectivo era o de ter uma gestão profissionalizada do hotel o projecto foi adjudicado à Visabeira Turismo, que tem cerca de 120 mil camas em Moçambique, distribuídas por seis unidades hoteleiras.

O Parque, que esteve ao abandono devido à guerra civil, resulta de uma iniciativa conjunta do governo de Moçambique e da Fundação Gorongosa Restoration Project, presidida pelo fi lantropo americano Greg Carr. O seu principal objectivo assenta na “promoção do equilíbrio ambiental, através da recuperação das espécies animais, o desenvolvimento social e o bem-estar das populações circundantes e o progresso económico, potenciando o eco-turismo como fonte de sustentação global do parque”.

“O Parque Nacional da Gorongosa renasceu devido à paixão de Greg Carr e do apoio do governo moçambicano”

O hotel, agora renomeado de de Girassol Gorongosa Lodge & Safari, sofreu uma remodelação total. Requalificação que significou um investimento de cerca de 1,4 milhões de euros. As obras incidiram em toda a infra-estrutura. Desde os quartos, ao restaurante, salas de conferências e mesmo nas duas piscinas.

A gestão do hotel foi entregue, em Novembro de 2011, pelo Ministério do Turismo de Moçambique (MITUR) e pelo Projecto de Restauração da Gorongosa (PRG), e por um período de 12 anos, à Visabeira Turismo. Originalmente datada de 1941 a unidade hoteleira acolheu, durante estes anos, milhares de turistas, oriundos de todas as partes do mundo. Encerrado durante a guerra civil, em 1983, o Acampamento de Chitengo só reabriu em 1995, tendo-se iniciado a sua criteriosa reabilitação e ampliação.

A requalificação foi, como explicou Paulo Varela, vice-presidente do Grupo Visabeira, feita de forma faseada, de forma a não incomodar os hóspedes. Isto porque o hotel só encerrou durante a época das chuvas (Dezembro a Março), altura em que é (quase) impossível visitar o Parque. Em Abril abre a “nova” unidade, que conta agora com uma capacidade para alojar até 100 hóspedes. Existem diversos tipos de
acomodações disponíveis. Desde bungalows (18 quartos em bungalows standard e 12 quartos em bungalows premium), duas villas T2 e uma premium T2, dotados de climatização, rede mosquiteira, casa de banho privativa, ar condicionado e cofre, e uma área de campismo, com todas as condições para assegurar uma estadia confortável. Os preços por noite vão desde os 50 dólares (tendas equipadas individuais) até aos 240 dólares (bungallows para famílias, com a capacidade para quatro pessoas).

São também disponibilizados um conjunto versátil de serviços, como restaurante, piscinas, zona infantil, sala de reuniões com capacidade até 80 pessoas, e uma vasta rede de picadas para safaris, passeios e jardins. O restaurante tem o cuidado de não só apresentar uma gastronomia internacional como o de apresentar os tradicionais pratos moçambicanos. Com o objectivo de apoiar o desenvolvimento económico das comunidades locais será privilegiado a utilização de vegetais de cultivo orgânico. Para promover o espaço a Visabeira Turismo aliou-se ao Parque Nacional da Gorongosa e respectiva Fundação.

O trabalho está a ser feito não só em Portugal e países vizinhos, como a África do Sul, mas também em todos os mercados que, tradicionalmente, mostram estar interessados em Moçambique. É o caso do Brasil (neste momento o mercado mais representativo em termos de turistas internacionais nas unidades da Visabeira Turismo), Itália, França e Bélgica. Mas os responsáveis também estão interessados na Ásia. Já foram feitas apresentações na Tailândia, na Indonésia e em Hong Kong. Tendo em conta que, segundo Paulo Varela é necessário pelo menos quatro a cinco dias para ver (bem) o Parque, a Visabeira está a preparar diferentes experiências que permitam que os clientes se mantenham entretidos durante a sua estadia. Para além do tradicional safari fotográfico será possível efectuar passeios de barco no rio ou andar a cavalo, entre outras actividades. Entre as muitas atracções disponíveis contam-se a casa dos leões, o miradouro dos hipopótamos e o santuário de fauna bravia, assim como passeio à vizinha Comunidade de Vinho, ao Lago Urema e às cascatas do Rio Murombozi, em plena Serra da Gorongosa.

A pensar em formas de atrair mais turistas a Visabeira Turismo está em conversações com outros operadores e unidades hoteleiras em Moçambique, no sentido de se criar um pacote que possibilite ao cliente fazer vários tipos de experiências. Por exemplo comprar uma viagem que inclua dias na praia, cidade e safari. Por outras palavras, conseguir ter massa crítica que permita contratar aviões que voem para Maputo, para a Beira e para o Norte do país.

A região onde está inserido o Parque Nacional da Gorongosa foi “descoberta” em 1920, quando a Companhia de Moçambique ordenou que mil quilómetros quadrados fossem conservados como uma Reserva de Caça para os administradores da companhia e seus visitantes. Uns anos mais tarde, em 1935, o espaço foi alargado para uma área de 3.200 quilómetros quadrados, para proteger o habitat de inhalas (uma espécie de antílopes) e rinocerontes pretos, ambos troféus de caça muito apreciados.

A guerra colonial teve pouco impacto no Parque, dado que este foi ocupado por uma Companhia Portuguesa e por membros da Organização Provincial de Voluntários, que se preocuparam em protegê-lo. Foi após a independência de Moçambique e subsequente guerra civil que o Parque ficou ao abandono. Durante nove anos, foi palco de frequentes batalhas entre as forças opostas, levando à destruição de todas as construções e ao recuo significativo da população de grandes mamíferos.

Com o fim da guerra começou a reconstrução. O plano de reabilitação contou com o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a assistência da União Europeia e da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Em 2004 Greg Carr visitou o local e apaixonou-se. Dessa paixão resultou um acordar de esforços, com o Governo de Moçambique e a Carr Foundation, com o objectivo de reconstruir a infra-estrutura do Parque, restaurar a fauna e flora e estimular o desenvolvimento económico. Em apenas três anos, entre 2004 e 2007, a Carr Foundation investiu mais de dez milhões de dólares neste esforço. Os resultados obtidos fizeram com que o Governo moçambicano decidisse entregar à Carr Foundation (que passou a designar-se “Gorongosa Restoration Project”) a gestão do Parque para os próximos 20 anos.

Artigo publicado no suplemento de viagens do Oje, a 11 de Janeiro de 2013.

 

Alexandra Costa

Jornalista desde 1996. Adoro viajar, conhecer novas culturas, experimentar gastronomias. Sou viciada em livros e nunca digo que não a uma boa conversa e amo a minha Luna. Defendo que mais vale poucos (e muito bons) amigos do que milhentos conhecidos. E prefiro ver o “copo meio cheio” em detrimento do “copo meio vazio”.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *