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Quinta da Aveleda Especialistas em vinho branco

A poucos quilómetros do Porto, mais precisamente em Aveleda fica uma quinta que produz um dos vinhos brancos mais conhecidos, o Casal Garcia, e que tem um jardim de encantar. Um bom destino para um dia ou uma tarde bem passada, com direito a prova de vinhos.

A adega, com capacidade para 300 pipas, surge na segunda metade do século XIX. O conceito ainda hoje se mantém. Carvalho velho, muito repouso e escuridão absoluta
A adega, com capacidade para 300 pipas, surge na segunda metade do século XIX. O conceito ainda hoje se mantém. Carvalho velho, muito repouso e escuridão absoluta

JÁ EXISTE desde 1671 e, desde o século IX está ligada à família Guedes e ao negócio do vinho (os primeiros registos de venda de vinho engarrafado datam de 1870). A Quinta da Aveleda deve o seu nome à localidade onde está inserida: Aveleda, a poucos quilómetros do Porto (cerca de 20 minutos).

A empresa tem no seu portfólio duas marcas de vinho branco – Casal Garcia e Aveleda – mais duas marcas artesanais – Charamba (tinto do Douro) e Follies (tinto da Bairrada), assim como a aguardente Adega Velha e os queijos Quinta da Aveleda.

A Quinta da Aveleda é mais do que simplesmente o local onde se planta a vinha e se faz a vindima. É também a origem de todo o negócio, onde a família residiu durante gerações (a casa consta mesmo do rótulo do vinho) e inclusive é um ponto de paragem obrigatório para cerca de 10 mil visitantes ano. Sendo que a maioria são estrangeiros, vindos de agências de viagens e/ou de cruzeiros que fizeram escala no
Porto. Aberta de segunda a sexta-feira, das nove às 17 horas, há a possibilidade de fazer visitas guiadas à quinta, acompanhadas de um técnico, de forma a disponibilizar todas as informações necessárias. O percurso passa pela vindima, pela adega, pelo jardim que inclui recantos mágicos (desde lagos, a casa do chá, uma janela manuelina a uma torre com cabras, há muito que descobrir. Sem esquecer a vacaria.

Tudo começou no século XVI. O que antes era uma propriedade agrícola composta por um conjunto de quintas, tornou-se um negócio “a sério” quando, por volta de 1850, Manuel Pedro Guedes de Silva da Fonseca, na altura já cansado da vida política da capital, passou por lá e se apaixonou pelo local. E resolveu desenvolver “em grande” a quinta. Plantou vinhas, fez obras, desenvolveu estruturas, construiu a adega (com capacidade para 300 pipas) e iniciou um negócio que se mantém até hoje.

O nome Aveleda pode não ser (ainda) muito conhecido do grande público – a marca foi este ano lançada e os vinhos, tradicionalmente, são mais conhecidos pelo nome do que pelo produtor, mas é responsável por um dos vinhos brancos mais conhecidos a nível nacional e internacional – o Casal Garcia. Que tem uma história curiosa por detrás. Era uma vez… um enólogo francês que veio a Portugal visitar as vinhas do Douro. Na viagem de comboio passou pela Quinta da Aveleda e ficou “siderado” com as vinhas e a sua organização – o ex-deputado tinha iniciado uma nova tecnologia de plantio. Parou, resolveu visitar a Quinta e, depois de conversar com o proprietário, resolveu pedir para se fazer uma experiência. Foi então feito um ensaio com as uvas do que veio a ser o Casal Garcia, mas com o método
do enólogo. E foi assim que nasceu o vinho que ainda hoje é vendido.

A escolha do nome veio de uma pequena curiosidade, aliada ao gosto pessoal de Manuel Pedro Guedes de Silva da Fonseca. Antes de se dedicar ao negócio da vinha a propriedade estava dividida em quintas, que eram arrendadas. Uma delas tinha o nome de Casal Garcia. Quando a propriedade foi reestruturada para a vinha o nome foi aproveitado.

Outra curiosidade: a garrafa azul. A escolha da cor deveu-se ao facto de o vidro até então utilizado “dar uma cor amarelada ao vinho”. Foram então feitas algumas experiências até que se chegou ao resultado final. Quanto ao rótulo, este teve por base um lenço de renda da bisavó do proprietário. Esta é apenas uma das histórias que os visitantes poderão conhecer aquando da visita à Quinta da Aveleda. Assim
como saber qual a importância da janela manuelina que repousa num dos recantos do jardim e da sua importância na história portuguesa. Descobrir que o design da primeira garrafa teve origem na Rússia. Um dos familiares encontrava-se nesse país, achou “piada” a uma garrafa e enviou-a para Portugal. Perceber que os pavões que constam da publicidade têm uma razão de ser. É que fazem parte dos habitantes da quinta. Aliás, andam soltos pela propriedade.

Há muito que ver e descobrir na Quinta da Aveleda. Com a vantagem de que todas as visitas são acompanhadas e que terminam com uma prova de queijos de vinhos. E não deixe de fazer uma visita à loja da quinta. Não só pode adquirir os produtos que provou como ser tentado pelos doces e compotas caseiras feitos com produtos da casa. E que só são vendidos ali.

Para grupos há serviços adicionais. Para empresas, por exemplo, há espaço para palestras, workshops ou reuniões de trabalho (até 50 pessoas sentadas). E, caso assim o seja solicitado, pode também ser servida uma (ou mais) refeição.

O número crescente de visitantes levou a família Guedes a alterar a sua visão sobre o enoturismo. Está já em curso uma estratégia de desenvolvimento deste novo negócio. O objectivo é aumentar o número de visitantes e oferecer novos serviços. Um dos que está a ser planeado é o de haver show cooking no jardim.

Visite a Quinta da Aveleda, descubra a história que está por detrás do Casal Garcia, divirta-se e perca-se em jardins de encantar.

Artigo publicado no suplemento de viagens do Oje, a 9 de Novembro de 2012.

 

Alexandra Costa

Jornalista desde 1996. Adoro viajar, conhecer novas culturas, experimentar gastronomias. Sou viciada em livros e nunca digo que não a uma boa conversa e amo a minha Luna. Defendo que mais vale poucos (e muito bons) amigos do que milhentos conhecidos. E prefiro ver o “copo meio cheio” em detrimento do “copo meio vazio”.

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